Intervenção em área de preexistência urbana : mobilização para o espaço público

Abstract

A minha passagem por Anápolis iniciou-se em 2015, quando fui convidado por um colega a prestar o vestibular na Universidade Estadual de Goiás, para o tão almejado curso de Arquitetura e Urbanismo. Pela idade, não tinha expectativa do quão transformador o curso seria, uma vez que a própria sociedade desconhece a importância do arquiteto urbanista. Entre as diversas rodas de conversa que tive, muitas delas com a Andréia Camilo, entre derivas, inquietações e inspirações, era notável como o curso de arquitetura conseguia virar o seu mundo de cabeça para baixo, mudando não apenas a sua visão pessoal, mas a de mundo. Durante a trajetória, o desenvolvimento da crítica se torna parte do aluno, e é a partir dela que entendemos a função social do arquiteto na comunidade, como transformador não só da moradia, mas “da colher a cidade”, como disse o arquiteto Ernesto Nathan Rogers. E é a partir desta crítica que começamos a perceber os espaços precários em que vivemos, de modo a propor intervenções afim de melhorar o espaço para a comunidade. Por morar perto da universidade, conheci a realidade das famílias que moram no Bairro Jardim São Paulo, situado no sul de Anápolis, a grande divergência salarial era justificado com a irregularização de uma parte da comunidade, um local conhecido como “Ocupação do Jardim São Paulo”, ali mais de 100 famílias moram em situação de favela, com falta de iluminação pública, asfalto, tratamento de água dentre outros diversos problemas que afeta a qualidade de vida dos moradores que ali residem. Apesar destes fatores, presenciei inúmeros vezes a organização da comunidade para o benefício de todos, uma vez que há falta de equipamentos públicos próximos, é comum multirões limpando lotes afim de criar espaços para suprirem as suas necessidades. Campo de futebol, horta urbana, plantação de diversos tipos de árvores, foram programas criados pela própria comunidade na qual tive a honra de me inspirar.